Hoje a noite outra vez se calou
Sentou-se e escutou
Uma lágrima que em mim caiu
Era o sentimento da revolta
Revolta por não conseguir gostar a sério
Talvez por me achar demasiado fraca?
Até a noite concordou
Mas calou-se e ali ficou
Ouvindo mais um suspiro de desespero
Mais um momento em vão.
Fiquei com a vergonha
Até a lua sentiu pena de mim!
Mas mais pena senti eu mesma
De apenas ter ficado assim…
“Apenas” pois esperava pior
E por ter sido tão fácil
Agora desiludida eu me sinto
Desiludida comigo mesmo
Afinal não consegui gostar a sério
Gostar como gostei outrora…
Desiludida porque momentos destes
Apenas servirão para me recordar
Daquela primeira noite
Em que a noite se calou
A meu lado se deitou e ali ficou
A observar cada lágrima
Caída no meu rosto
Envolvida de saudade, sofrimento e revolta…
E pegando nas minhas mãos
À minha cara levou
Para me deixar ficar ali
Sentado no chão do quarto
Derrubada pela dor interior
Memórias que me vêm
Em tempos como este
Fazendo me sentir pena de mim
De não acreditar mais que dê certo
De sempre ter que terminar assim
Foi uma noite silenciosa
Em que tudo começou
Numa noite como esta
Que a minha esperança acabou
“Só não é prisioneiro
Quem ainda tiver esperança!”
Sou prisioneira de mim mesmo
Há muito que a esperança se foi
Hoje apenas me recordei
Lembranças daquela noite
Em que a noite se calou…
Como pessoa independente e auto-suficiente que sou, tenho para vos dizer que tudo isto são apenas momentos que nos aparecem na caminhada…mais do que isso, eles fazem parte, eles são essenciais para poderes prosseguir forte e mais independente ainda… mas todos eles necessitam serem sentidos… todos estamos destinados a sofrer pois caso contrário a felicidade nunca teria sabor…
Achei que devesse desabafar para me sentir mais livre, e assim o fiz…
Achei que devesse ouvir a verdade para me sentir mais segura, e assim ouvi…
Tive uma enorme vontade de exprimir, numa folha, o que senti para esclarecer as minhas ideias, e por isso escrevi…
Foi então que descobri o que realmente me impedia este tempo todo…
Mas foi necessário passar pela curiosidade de saber, pelo desafogo de desabafar, pelo preço da verdade… para chegar, por fim, a tão esperada paz interior…